Ouro Preto
é um imenso vale
profundamente mineiral
suas ruas
num sobe e desce
num vira e dobra
são labirintos soturnos
envolvendo corpos
e as pedrinhas
que fazem ladeiras
fachicam indignadas
feito comadres
suas casas nos espiam
(austeras)
com um pudor
estritamente mineiro
em cada esquina
em cada largo
em cada morro
uma igreja nos vigia
(puritana)
rezando salmos
anjos pacientes entornam
água
nos chafarizes
petrificados
à noite
(indefinida)
quando o frio é faca ferindo faces
as casas se encostam umas às outras
e se aquecem seculares
paternal
como a mão mineira
ouro preto persiste
eternamente acolhedor.
Beré Lucas
in: Cardoso Filho, Jusberto (org.) Antologia Poética de Ouro Preto. Ouro Preto: Ed. Autor, 1995. p. 130-131.
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